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Do Resíduo ao Recurso: Como o Micélio Redefine o Destilado do Bourbon

Uma abordagem sustentável transforma resíduos de destilaria em materiais fúngicos utilizáveis, abrindo novos caminhos para a economia circular.

Transformando resíduo da produção de bourbon em micélio de alto valor

Na região do Kentucky, onde as destilarias de bourbon são parte da identidade cultural, existe um rastro invisível de resíduos: o bagaço de grãos de cevada, milho e centeio. Tradicionalmente, esses subprodutos são usados como ração animal ou simplesmente descartados, até que o micélio trouxe uma nova possibilidade.

Uma inovação vem transformando esse resíduo em materiais úteis e sustentáveis: o cultivo de micélio sobre os cascos do processo, resultando em blocos biodegradáveis que podem servir como isolantes, embalagens ou até componentes de design. Nessa abordagem circular, o micélio não só valoriza o resíduo, mas também substitui alternativas menos sustentáveis.

Um ciclo fertilizado pela biotecnologia

Empresas pioneiras no uso desse método vêm desenvolvendo sistemas de produção modular, onde o bagaço fermentado serve como substrato para o micélio fúngico. O micélio se desenvolve, preenche o volume e dá forma ao material. Após o crescimento ideal, ele é seco e ativado termicamente para oferecer resistência e durabilidade.

Os blocos miceliais resultantes demonstram propriedades de isolamento térmico, resistência mecânica e biodegradação controlada. Perfeitos para uso em construção leve ou embalagens técnicas, são também compatíveis com compostagem industrial.

Escalabilidade e propósito

Esta tecnologia se mostra escalável: em destilarias de pequeno a médio porte, o resíduo ainda é abundante, e ao apostar nesse fluxo circular, as empresas reduzem custos de descarte e ampliam sua pegada positiva. Com investimentos crescentes em biotecnologia, processos acoplados à cadeia produtiva já permitem conversões modulares que aproveitam até 100 toneladas de resíduo bruto por mês.

Além disso, essa iniciativa reduz significativamente a pegada ambiental associada à produção de materiais derivados de petróleo ou madeira tratada, oferecendo material fúngico com menos emissões e maior capacidade compostável.

Desafios e o que vem adiante

Ainda que promissora, a tecnologia enfrenta desafios como:

  • padronização de substratos e cepas fúngicas para desempenho consistente;
  • garantia de inocuidade e ausência de toxinas;
  • adaptação do formato do micélio às normas de construção ou embalagem;
  • integração com políticas locais e certificações ambientais.

Com parcerias entre destilarias, laboratórios e centros de pesquisa, a inovação avança e se consolida como uma solução prática dentro da economia regenerativa.

Se você quer aprender como aplicar micoprotótipos, micomateriais ou soluções baseadas em resíduos orgânicos em seus projetos, junte-se à Academia Fungicultura. Estamos aqui para guiar você nessa travessia rumo a um futuro mais circular e criativo.


Sobre a autora:

Renata Paccioni
Renata Paccioni | Fundadora da Academia Fungicultura, a primeira plataforma nacional de ensino em biotecnologia fúngica. A Agpla reconhece Renata como especialista pioneira ao cultivar cogumelos em 30°C, desafiando padrões técnicos estabelecidos. Diretora Administrativa da ANPC, moldou iniciativas-chave no setor brasileiro. É graduada em Gestão do Agronegócio, Pós-Graduada pela FGV e especializada em Fungicultura pela Embrapa. Renata é pioneira na introdução de biomateriais com micélio no Brasil e atua há mais de 20 anos com educação, marketing e tecnologia para negócios regenerativos.