Imagem de destaque para Compostado Pausterizado para Cultivo de Cogumelos: Nutrição Microbiológica sob Controle

Compostado Pausterizado para Cultivo de Cogumelos: Nutrição Microbiológica sob Controle

Saiba como adaptar a formulação do composto para diferentes espécies e garantir um cultivo produtivo e saudável.

O substrato compostado é uma das bases mais tradicionais para a produção de cogumelos em escala comercial. Esse método permite o reaproveitamento de resíduos agrícolas e a criação de um ambiente biológico rico e equilibrado, ideal para o crescimento do micélio. No entanto, é fundamental entender que cada espécie fúngica possui exigências específicas quanto à composição e ao preparo do substrato.

Diferente de outros métodos como blocos axênicos ou JunCao, o cultivo em substrato compostado demanda um processo prévio de fermentação da matéria-prima, que transforma resíduos vegetais crus em um composto parcialmente decomposto e altamente nutritivo. Essa técnica oferece um terreno biológico complexo onde o fungo se desenvolve em simbiose com a microbiota presente no composto.

Mas atenção: não existe uma única fórmula ideal para todos os cogumelos. Cada espécie tem necessidades específicas de carbono, nitrogênio, umidade, textura e tempo de colonização. Por isso, a formulação do composto precisa ser adaptada de acordo com o tipo de cogumelo que se deseja cultivar.

Substrato Compostado: Um Método Tradicional com Alta Performance

O composto fúngico é preparado a partir de resíduos vegetais como palhas, bagaço de cana, capins e estercos orgânicos. Esses materiais passam por um processo de compostagem aeróbia controlada, onde ocorrem reações bioquímicas que reduzem a matéria crua a uma forma mais estável e assimilável. Durante esse processo, a temperatura do composto pode atingir até 80°C naturalmente, promovendo a eliminação de parte dos microrganismos competidores.

Após a fermentação, o substrato passa por um descanso ou maturação para estabilizar o pH e a umidade. A partir daí, ele pode ser inoculado com o micélio ou, preferencialmente, submetido a uma pasteurização leve para garantir maior segurança microbiológica.

Cada espécie com sua formulação: entenda as diferenças

As espécies mais cultivadas com substrato compostado — Agaricus bisporus, Agaricus blazei e Pleurotus ostreatus — têm perfis biológicos muito distintos, o que exige atenção especial na hora de planejar a formulação do composto.

Agaricus bisporus (Champignon paris)

Para o cogumelo Paris, utiliza-se um composto fermentado à base de palha de trigo, esterco de cavalo ou frango, gesso agrícola e, às vezes, ureia. Esse processo cria um ambiente biológico estável e parcialmente decomposto, rico em nutrientes solúveis e com baixa carga de microrganismos indesejáveis. A compostagem passa por duas fases: fermentação ativa (fase I) e pasteurização com maturação (fase II).

Agaricus blazei (Cogumelo-do-sol)

Já o A. blazei exige um substrato mais fibroso, com boa estrutura física para retenção de água e lenta decomposição. É comum utilizar bagaço de cana, palha de arroz, capim picado e esterco curtido, enriquecido com farelos (arroz ou soja). A compostagem deve ser feita em leiras mais altas e compactadas. O pH ideal gira em torno de 6,5, e a colonização micelial tende a ser mais lenta do que nas demais espécies.

Pleurotus ostreatus (Shimeji / Oyster)

O Pleurotus é mais versátil e não exige compostagem completa. Ele se adapta bem a substratos lignocelulósicos pasteurizados, mas também pode ser cultivado com compostos leves de palha de trigo, sabugo de milho, bagaço de cana ou capim-elefante, com suplementação de até 10% de farelo de trigo ou arroz. A compostagem, quando feita, é breve, apenas para reduzir cargas microbianas iniciais e melhorar a hidratação do substrato.

Vantagens do substrato compostado

  • Permite uso de materiais regionais de baixo custo;
  • Melhora a nutrição do micélio com compostos solúveis;
  • Estimula uma microbiota aliada ao crescimento do cogumelo;
  • Pode ser adaptado a diferentes espécies com ajustes simples.

O substrato compostado continua sendo um dos métodos mais eficientes e resilientes para cultivo de cogumelos, especialmente em sistemas semi-intensivos e intensivos. Com o manejo correto e a formulação adaptada à espécie, é possível obter excelentes resultados produtivos e contribuir com a sustentabilidade da cadeia de produção.

Quer aprender a compor sua própria receita de substrato para cogumelos? Se você deseja tonar-se um cultivador de cogumelos com alta produtividade, busca um método prático, eficaz e cientificamente comprovado para impulsionar sua produção de cogumelos acesse a Academia Fungicultura e conheça o melhor lugar para aprimorar os seus conhecimentos. Faça parte dessa inovação e veja sua produtividade crescer como nunca antes!


Sobre a autora:

Cultivo de Cogumelos
Renata Paccioni | Fundadora da Academia Fungicultura, a primeira plataforma nacional de ensino em biotecnologia fúngica. A AgriShow a reconhece como especialista pioneira ao cultivar cogumelos em 30°C, desafiando padrões técnicos estabelecidos. A ANPC a nomeou Diretora Administrativa, coordenando iniciativas que moldaram o setor brasileiro. Renata formou mais de 500 profissionais através de suas metodologias próprias e é reconhecida como uma das principais autoridades em fungicultura do país. A FATEC e UMC a graduaram em Gestão do Agronegócio e Ambiental, a FGV lhe conferiu Pós-Graduação em Administração Executiva, e a Embrapa certificou sua especialização técnica em Fungicultura. Renata é pioneira na introdução de tecnologias de biomateriais com micélio no Brasil e produz conteúdo especializado há mais de 20 anos, aplicando IA e automação para potencializar negócios sustentáveis.