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🍄 Missão MushVroom: O Primeiro Cultivo de Cogumelos Shimeji no Espaço Está Acontecendo — e Pode Mudar Tudo

Uma missão espacial australiana está testando *Pleurotus ostreatus* em microgravidade. O que isso significa para o futuro da alimentação na Terra e fora dela?

Pela primeira vez, um experimento espacial está cultivando cogumelos ostra em ambiente de microgravidade. Chamado de Mission MushVroom, o projeto é liderado pela empresa australiana FOODiQ Global e faz parte da missão Fram2, lançada pela SpaceX em abril de 2025. A ideia é simples e ambiciosa: entender se esses cogumelos podem crescer no espaço e, mais do que isso, se podem oferecer nutrição, sabor e sustentabilidade para astronautas em missões de longa duração — e talvez para todos nós aqui na Terra.

O Que Está Acontecendo?

O Mission MushVroom é um experimento embarcado na missão Fram2, um voo privado operado pela SpaceX que levou a cápsula Dragon à órbita polar — uma rota raramente usada em voos tripulados. Entre os 22 experimentos da missão, um chamou atenção: o cultivo, em tempo real, de cogumelos do gênero Pleurotus (conhecido como cogumelo ostra).

A bordo, o astronauta Eric Philips — o primeiro australiano a orbitar os polos do planeta — ficou responsável por acompanhar o crescimento dos cogumelos, registrar imagens, observar padrões de frutificação e verificar possíveis contaminações. Tudo em um ciclo que durou entre três e cinco dias.

Por Que Cogumelos?

Os fungos têm características que os tornam ideais para sistemas alimentares em ambientes extremos como o espaço. Eles crescem rápido, ocupam pouco volume e podem ser cultivados em substratos recicláveis. No caso do Pleurotus ostreatus, os dados são impressionantes:

  • Eles dobram de tamanho a cada 24 horas.
  • 100 gramas desses cogumelos podem fornecer 100% da dose diária de vitamina D quando expostos à luz ultravioleta.
  • Também são ricos em potássio, cobre, selênio e vitaminas do complexo B.
  • E mantêm o sabor umami mesmo em ambientes onde os sentidos humanos ficam alterados, como a microgravidade.

Além disso, o substrato usado para o cultivo é feito com resíduos vegetais e até algodão reciclado — o que reduz a quantidade de insumos que precisa ser levada da Terra para o espaço.

Detalhes Técnicos do Projeto

O experimento foi desenvolvido pela FOODiQ Global, empresa australiana especializada em inovação alimentar, com apoio da startup de micologia Lifecykel, responsável pelo micélio. A missão recebeu ainda o apoio de Ralph Fritsche, ex-diretor de sistemas alimentares avançados da NASA, como conselheiro técnico.

Essa foi a primeira vez que cogumelos foram levados ao espaço com o objetivo de frutificar. Em 2023, algumas espécies como Lion’s Mane e Cordyceps já haviam sido testadas na Estação Espacial Internacional, mas sem condições para que os corpos frutíferos se desenvolvessem.

Agora, com o ambiente pressurizado, iluminação controlada e substrato já inoculado, a expectativa era observar um ciclo de crescimento completo — algo inédito fora da Terra.

Após o retorno da cápsula à Terra, os cogumelos serão analisados em laboratório para verificar se a microgravidade influenciou sua estrutura física, composição nutricional ou propriedades bioquímicas. Os resultados serão comparados com amostras idênticas cultivadas simultaneamente em solo terrestre.

Cogumelos no Espaço

O Que Já Sabemos Até Aqui

A equipe envolvida no projeto compartilhou alguns dados interessantes antes mesmo do retorno:

  • O crescimento dos cogumelos parece ter seguido padrões semelhantes aos da Terra, mesmo em microgravidade.
  • As imagens registradas por Eric Philips mostram frutificações robustas e consistentes.
  • Nenhuma contaminação foi identificada até o momento do encerramento da missão.
  • O habitat montado a bordo da cápsula Dragon usou apenas 2 litros de substrato para iniciar o processo, reforçando a eficiência do sistema.

Segundo a CEO da FOODiQ, Drª Flávia Fayet-Moore:

“Cogumelos são uma cultura perfeita para o espaço. Eles crescem rápido, exigem poucos recursos e produzem vitamina D naturalmente, algo essencial para a saúde dos astronautas.”

Por Que Isso Importa Para Todos Nós?

A NASA já reconhece os cogumelos como uma das melhores soluções para sistemas de cultivo em ambientes fechados. Eles fazem parte de uma tendência crescente na área de “bioregeneração alimentar” — ou seja, alimentos que não apenas nutrem, mas também ajudam a regenerar os sistemas ao redor, como solos e fluxos de resíduos.

Se essa tecnologia se mostrar viável em escala, ela pode ser usada em colônias lunares, estações marcianas e, claro, em centros urbanos da Terra. Imagine hortas verticais que utilizam substratos reciclados e fungos para produzir alimento funcional, de baixo custo e com alto valor nutricional.

O Mission MushVroom é mais do que um experimento científico. É uma prova de conceito de que podemos produzir alimentos frescos em qualquer lugar — até fora do planeta.

O sucesso do cultivo de cogumelos ostra no espaço marca um avanço significativo na interseção entre biotecnologia, sustentabilidade e exploração espacial. É uma demonstração prática de que alimentos funcionais podem ser cultivados com inteligência, eficiência e propósito — mesmo nos ambientes mais desafiadores.

Enquanto aguardamos os resultados laboratoriais completos, uma coisa já é certa: o micélio encontrou espaço para crescer onde ninguém imaginava. E talvez ele leve junto com ele um novo modelo alimentar para o futuro da humanidade.

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Sobre a autora:

Cultivo de Cogumelos
Renata Paccioni | Fundadora da Academia Fungicultura, a primeira plataforma nacional de ensino em biotecnologia fúngica. A AgriShow a reconhece como especialista pioneira ao cultivar cogumelos em 30°C, desafiando padrões técnicos estabelecidos. A ANPC a nomeou Diretora Administrativa, coordenando iniciativas que moldaram o setor brasileiro. Renata formou mais de 500 profissionais através de suas metodologias próprias e é reconhecida como uma das principais autoridades em fungicultura do país. A FATEC e UMC a graduaram em Gestão do Agronegócio e Ambiental, a FGV lhe conferiu Pós-Graduação em Administração Executiva, e a Embrapa certificou sua especialização técnica em Fungicultura. Renata é pioneira na introdução de tecnologias de biomateriais com micélio no Brasil e produz conteúdo especializado há mais de 20 anos, aplicando IA e automação para potencializar negócios sustentáveis.