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Hy-Fi: A Torre de Micélio que Redefiniu a Arquitetura Sustentável

Como uma estrutura de 13 metros feita de cogumelos e resíduos agrícolas inspirou uma nova era na construção ecológica.

Em 2014, o estúdio de arquitetura The Living, em colaboração com a empresa Ecovative e a consultoria de engenharia Arup, apresentou a Hy-Fi: uma torre de 13 metros construída com tijolos de micélio e resíduos agrícolas. Erguida no pátio do MoMA PS1, em Nova York, essa estrutura temporária demonstrou o potencial dos materiais biocompostos na arquitetura, promovendo uma economia circular e reduzindo significativamente a pegada de carbono.

A indústria da construção civil é uma das maiores responsáveis pelas emissões de carbono e pelo consumo de recursos naturais. Diante desse cenário, surge a necessidade de repensar os materiais e métodos construtivos. A Hy-Fi, uma torre construída com tijolos de micélio, representa uma abordagem inovadora e sustentável, utilizando materiais orgânicos e processos de baixo impacto ambiental.

O micélio, estrutura vegetativa dos fungos, possui propriedades únicas que o tornam um material promissor na construção civil. Quando combinado com resíduos agrícolas, como talos de milho, o micélio forma um biocomposto leve, resistente e biodegradável. A empresa Ecovative desenvolveu uma técnica para cultivar esses tijolos em moldes, permitindo a produção de blocos em apenas cinco dias, sem necessidade de energia adicional ou emissão de carbono.

O Projeto Hy-Fi

A Hy-Fi foi construída com 10.000 tijolos de micélio, formando três cilindros entrelaçados que se elevavam a 13 metros de altura. O design permitia a ventilação natural e criava um microclima interno agradável. Camadas superiores de tijolos refletivos, desenvolvidas em parceria com a 3M, proporcionavam efeitos de luz impressionantes no interior da estrutura.

Torre com blocos de micélio

A estrutura foi projetada para ser temporária e totalmente compostável. Após três meses de exibição, a torre foi desmontada, e os tijolos foram compostados, retornando ao solo como fertilizante para hortas comunitárias locais.

Testes estruturais demonstraram que os tijolos de micélio, embora leves, eram surpreendentemente resistentes. Cada tijolo podia suportar o peso de vários carros, e a estrutura como um todo resistia a rajadas de vento de até 105 km/h sem apresentar deformações significativas.

Bloco de micélio

Segundo David Benjamin, arquiteto e fundador do The Living:

“Nossos tijolos orgânicos são empolgantes porque aproveitam o incrível ‘algoritmo biológico’ das raízes dos cogumelos e o ajustam para fabricar um novo material de construção que cresce em cinco dias, sem desperdício, sem consumo de energia e sem emissões de carbono.”

A utilização de materiais biocompostos, como o micélio, na construção civil está ganhando destaque como uma alternativa sustentável aos materiais tradicionais. Projetos como a Hy-Fi demonstram o potencial desses materiais em aplicações reais, incentivando arquitetos, engenheiros e entusiastas a explorarem novas possibilidades. Além disso, iniciativas como kits de cultivo de micélio para produção de objetos e estruturas estão se tornando mais acessíveis, permitindo que mais pessoas participem desse movimento ecológico.

A Hy-Fi representa um marco na arquitetura sustentável, demonstrando como materiais orgânicos e processos inovadores podem ser aplicados na construção civil. Ao utilizar o micélio como principal componente estrutural, o projeto não apenas reduziu significativamente o impacto ambiental, mas também inspirou uma nova geração de arquitetos e designers a repensarem os materiais e métodos construtivos. Com o avanço das pesquisas e o aumento da conscientização sobre a sustentabilidade, é provável que vejamos mais estruturas como a Hy-Fi no futuro próximo.

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Sobre a autora:

Cultivo de Cogumelos
Renata Paccioni | Fundadora da Academia Fungicultura, a primeira plataforma nacional de ensino em biotecnologia fúngica. A AgriShow a reconhece como especialista pioneira ao cultivar cogumelos em 30°C, desafiando padrões técnicos estabelecidos. A ANPC a nomeou Diretora Administrativa, coordenando iniciativas que moldaram o setor brasileiro. Renata formou mais de 500 profissionais através de suas metodologias próprias e é reconhecida como uma das principais autoridades em fungicultura do país. A FATEC e UMC a graduaram em Gestão do Agronegócio e Ambiental, a FGV lhe conferiu Pós-Graduação em Administração Executiva, e a Embrapa certificou sua especialização técnica em Fungicultura. Renata é pioneira na introdução de tecnologias de biomateriais com micélio no Brasil e produz conteúdo especializado há mais de 20 anos, aplicando IA e automação para potencializar negócios sustentáveis.

Imagens: Holcim Foundation